Deolinda - Parva que sou
Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração ‘eu já não posso mais!’
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
"Após os concertos realizados pelos Deolinda nos Coliseus do Porto e de Lisboa em que foi apresentada uma nova canção – “Parva que sou” – que aborda um tema que é muito actual, o Grupo Musical não conseguiu ficar indiferente às reacções do público, e disse mesmo “Após os concertos, ao ver que o tema “Parva que sou” continua a ganhar vida através das redes sociais e dos meios de comunicação, não podemos deixar de demonstrar o nosso agrado em perceber que uma canção está a suscitar debate e diálogo em volta de um assunto actual e que julgamos da maior pertinência.” Confesso que não é um Grupo Musical que particularmente me agrade. Projecta-se, nele, um certo ideário contestatário. No entanto, aquela letra da canção “Parva que sou” tem, no seu ideário social, todas as condições para se tornar uma espécie de bandeira colectiva de um grupo cada vez maior de Jovens que não sabem realmente quem são porque simplesmente não lhes dão oportunidade para ser.
Esta música é, de facto, uma música de crítica social, de protesto, de intervenção: o que lhe queiram chamar. A letra desta música é forte e não deixa ninguém indiferente. E neste sentido tenho de dar os parabéns aos Deolinda, não por ajudarem directamente os jovens que se identificam com a “ Geração nem nem” – nem têm presente, nem têm perspectivas de futuro, (na minha opinião a melhor definição) – mas por ajudarem estes a sair da inércia em que a maioria se encontra. E o que importa nesta fase inicial, é que os obrigue a Pensar, a Pensar que devem ser os Jovens os primeiros a denunciar o que está mal, para que sejam alteradas determinadas políticas e definidos novos rumos.
Com isto está dado o “pontapé de saída” para algo ser feito. É preciso que os Jovens participem mais, porque na minha opinião, não é a falta de interesse que não os move, mas sim quem anda no terreno, como eu e os meus companheiros da Direcção da JSD Bombarral, e tantos outros jovens pelo país fora, das mais variadas cores políticas ou mesmo apartidários, sente a dada altura que é muito difícil alterar seja o que for, porque o sistema está algo corrompido, mas ainda assim considero ser possível mudar alguma coisa. Mas ser Jovem é ser detentor de Sonhos, de Expectativas, de Ambição e de Exuberância, logo, nós Jovens temos de ser persistentes e não desistirmos à primeira dificuldade até porque para além de termos sonhos, também somos o sonho deste país, até porque para além das nossas expectativas também existem as expectativas de um Portugal melhor à nossa responsabilidade.
Depois há outra coisa que tem de ser denunciada, e que os Jovens têm que perceber de uma vez por todas, que é a seguinte: em tempo de crise, é nos Jovens que o País espera encontrar novas alternativas, e não podem os Jovens queixar-se, e na altura de exercerem o seu direito de voto, não aparecerem. Se vivemos em democracia, então temos de votar, ou em alguém ou em branco. Agora, se não vamos às urnas, então é melhor repensar o sistema político actual, se será melhor ter de novo um sistema político ditatorial do que representativo.
Não concordo quando se diz que o “Português” aceita tudo o que lhe fazem, seja com o aumento de impostos, diminuição de salários, redução de benefícios fiscais…basta ligar a Televisão e assistir a manifestações, ou mesmo a nível local: a título de exemplo, muito recentemente, quando da notícia da diminuição do horário de funcionamento do Centro de Saúde do Bombarral, a população aderiu em peso a uma iniciativa organizada pela Comissão de Utentes, para contestar o que poderá acontecer. Eu estive com a população, e percebi que nos momentos de crise, os cidadãos juntam-se e conseguem ultrapassar todas as dificuldades, por isso não aceito a ideia que têm do Português, o Conformado!
Considero ser esta a altura, embora de alguma instabilidade política, e no seguimento do corte das despesas por parte do Estado Português, a altura ideal para se preparar uma reforma na forma como se elege os Deputados à Assembleia da República, nomeadamente, através da criação de Ciclos Uninominais (à muito pensado para Portugal), bem como a altura de reduzir o número de Deputados na Assembleia da República para o número mínimo previsto na Lei da Assembleia da República. O país conseguirá melhores resultados com menos mas melhores deputados.
Se o Povo Português (e dirigindo-me novamente para os Jovens, onde me insiro) quer ter o poder de decisão, a faculdade de decidir o que quer para as suas vidas, então tem de o usar no dia-a-dia em vez de se limitar a contestar aqueles que o usam de forma menos própria porque preguiçosamente deixa que quem exerce o poder político, governe a vida de cada um, sem que o povo peça contas da sua actuação. É verdade que é para isso que existem os Partidos da Oposição, mas então é preciso criar um diálogo com os cidadãos, deixando de lado interesses exclusivamente partidários e, ao invés, olhar principalmente para o seio do Povo. Por isso também considero que deve ser pensada uma forma de ser controlada a actuação de quem exerce funções políticas, não só em termos de responsabilidade política, mas também em termos de responsabilidade civil, para que quem Governa mal e com resultados desastrosos, possa responder perante os cidadãos e perante o sistema Judicial.
Os governantes têm que governar em nome do povo e não em benefício próprio, e de alguns. Por isso, considero que é preciso com urgência uma Revolução, mas uma Revolução de mentalidades, pois HOJE está na altura de deixarmos de ser egoístas, e pensarmos também nos outros, e no Futuro. Mas também é preciso que, quem Governa crie condições para que os seus representados se possam manifestar e apresentar propostas e soluções para o que considerem estar mal, e que os cidadãos aproveitem para participar. Porque acredito que hoje é fundamental existir um maior contacto entre quem é eleito e quem elege.
Por isso deixo aqui uma mensagem, não tanto enquanto presidente de uma Juventude Partidária, (porque pertencer a uma Juventude Partidária não significa que se acate tudo o que nos impõem – eu não o faço e lamento quem o faz -, pois devemos pertencer a algo com que nos identifiquemos, através dos ideais em que assenta, e não na expectativa de receber contrapartidas), mas enquanto Jovem, com o orgulho de ser Bombarralense, e com o patriotismo de ser Português, virada para aos Jovens Portugueses, principalmente aos do Bombarral, para que não continuem sentados à espera que quem Governe, seja a nível local seja a nível nacional construa o nosso futuro sem nos ouvirem ou prestarem contas, porque temos de ser todos nós a construir o nosso próprio futuro. É verdade que talvez nos falte a coragem para arriscar, mas temos de ter consciência que temos de ter a força e a vontade de possuir as vitórias que são nossas. É verdade que por vezes o poder corrói quem dele se reveste, mas sempre assim foi e será sempre assim, e cabe-nos a nós, individualmente, fazer a diferença na nossa casa, no nosso bairro, na nossa escola, no nosso local de trabalho, na nossa aldeia, vila ou cidade para que quem lidere não seja corrompido! Temos de começar a transformar o nosso mundo, a nossa vida. As mudanças não aparecem do nada, começam no coração daquele que decide: EU VOU CONSEGUIR!
Mentiria se dissesse que não me preocupo com o meu futuro e dos meus, mas digo isto hoje também para mim, para que não perca a coragem que me moveu sempre até hoje, em todos os meios e batalhas onde me inseri, para fazer melhor, para marcar a diferença, para defender o que acredito ser bom e útil, até que me demonstrem que não tenho razão, para contribuir para algo melhor onde nos possamos sentir bem, viver melhor e orgulharmo-nos porque participámos na construção de algum bom! Eu não nasci para ser infeliz, derrotado ou desprezado, e acredito que vocês também não! Sei e tenho plena consciência que é bem mais fácil falar do que concretizar, mas será que estamos bem? Será que é isto que queremos para as nossas vidas e para o nosso futuro?
Peço-vos, estudantes, não deixem de estudar, e aproveitem os conhecimentos técnicos e da vida que têm para os pôr em prática, para juntos levantarmos o nosso Concelho, e o nosso País. Se decidirem deixar de estudar, aprendam uma profissão, mas sejam responsáveis, e não contribuam para a estatística de jovens que nem estuda nem trabalha, que leva anos na escola pública, à custa dos contribuintes, a passear os livros…tenham respeito por quem paga os seus impostos para que vocês possam estudar de forma gratuita. Todos Juntos, podemos fazer a diferença! Não hibernem, senão um dia os nossos filhos vão ter vergonha de nós, como já têm os que hoje nascem e já trazem na certidão de nascimento uma factura para pagar de 13 000 Euros, pelas más políticas de quem Governou nos últimos anos! Amigos, não nos conformemos com pouco, lutemos por algo, não direi maior, mas melhor…temos capacidade para isso, falta apenas um pouco de vontade e coragem."
in Jornal "Notícias do Bombarral", edição de 24 de Fevereiro de 2011.
Redigi este artigo com o objectivo de despertar a Juventude para o grave problema que vivemos no presente, e que se agravará no futuro se nada for feito. Dia 12 de Março, estarei na Av. da Liberdade, em Lisboa, para me juntar à manifestação da chamada "Geração à rasca", não enquanto dirigente partidário, mas enquanto cidadão Jovem. Espero que esta manifestação seja, acima de tudo, ordeira, porque o que se pretende, pelo menos no meu ponto de vista, é que se passe para o poder político a seguinte mensagem: os Jovens estão atentos às opções políticas, e descontentes com a actual situação.
Participem!
Forte Abraço
Ricardo Venâncio - Presidente da Comissão Política de Secção da JSD Bombarral.