Regresso da JSD ao Bombarral

O regresso da JSD ao Bombarral é para nós um enorme desafio que acarreta muita responsabilidade, mas é com ambição que o aceitamos, pois queremos desenvolver o debate político e a participação entre os jovens do Bombarral. Viva a Juventude!

domingo, 24 de junho de 2012

A Agricultura e a Grande Distribuição

Nas últimas décadas assistimos a uma profunda alteração no mercado da distribuição. Se inicialmente foram os grandes grupos europeus que provocaram o desaparecimento de mercearias um pouco por todo o país, na última década ocorreu uma nova revolução no sector, com o grupo Sonae a fortalecer a sua posição de mercado e com o grupo Jerónimo Martins a ascender à segunda posição, graças a uma inteligente mudança de estratégia. Em 2007, o segmento alimentar representava 42% do mercado retalhista em Portugal, sendo que 37% desde se encontrava concentrado nos grupos Sonae e Jerónimo Martins (fonte: APED http://www.aped.pt/Media/content/184_1_G.pdf). De então para cá o mercado continuou a evoluir no sentido de uma maior concentração.

Esta evolução não foi acompanhada por parte dos produtores. Embora muitos produtores se tenham unido em organizações e cooperativas, estas continuam a carecer de capacidade negocial capaz de fazer frente ao peso dos grandes grupos. Como consequência, as margens de lucro dos produtores têm vindo a decrescer e as margens dos distribuidores a aumentar. Os agricultores há muito anos que se queixam das dificuldades que vão sentindo, mas só muito recentemente com a campanha levada a cabo pelos supermercados Pingo Doce, e após a iniciativa de alguns jornalistas de analisar as margens de lucro destes supermercados, a sociedade em geral começou a tomar consciência deste facto.

O problema está na falta de equilíbrio na mesa de negociações, que leva a que os distribuidores possam impor os termos dos contratos, muitas vezes com cláusulas penosas para a parte mais fraca, tais como a obrigação de indemnização do grupo de distribuição quando o volume produzido ficar abaixo do contratado.


Identificado o problema é preciso encontrar-lhe solução e existem dois caminhos para o fazer: ou os agricultores aumentam de dimensão e reequilibram a mesa de negociações, ou impõem-se condições pela via legislativa, tal como a imposição de margens e/ou preços mínimos. A segunda hipótese vai contra a ideia de um mercado livre e pode levar a um aumento de preços para o consumidor final, pelo que a primeira hipótese é o caminho certo.
Nesse sentido, é preciso fazer com que os agricultores compreendam essa necessidade e se agrupem em mais OP's e cooperativas, mas isso não é o suficiente, pois mesmo essas carecem de dimensão competitiva para conseguir equilibrar os pratos da balança negocial. Há que ir além e criar estruturas, sejam elas associações de agricultores individuais ou de cooperativas/OP's, que consigam alcançar uma dimensão crítica que lhes permita negociar.


Cabe aos agricultores identificar este caminho e a nós incentivá-los a tomá-lo.






Com os melhores cumprimentos,


Valter Roldão





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