Regresso da JSD ao Bombarral

O regresso da JSD ao Bombarral é para nós um enorme desafio que acarreta muita responsabilidade, mas é com ambição que o aceitamos, pois queremos desenvolver o debate político e a participação entre os jovens do Bombarral. Viva a Juventude!

domingo, 29 de novembro de 2015

O papel do desporto e das coletividades no nosso concelho

No passado dia 10 de outubro, na sede do Sport Clube Escolar Bombarralense, celebrou-se o centésimo quarto aniversário daquele que é o clube mais antigo da Associação de Futebol de Leiria.
Em mais de cem anos de história, o S.C.E.B. atravessou momentos de prosperidade mas também momentos de enormes dificuldades. Nos últimos anos, podemos apontar alguns fatores que estiveram na origem e o conduziram à situação difícil em que vive atualmente. Desde logo, a diminuição dos apoios financeiros da autarquia, a degradação da realidade socioeconómica da nossa região – à semelhança do que acontece pelo país fora –, que culmina na diminuição das doações das pessoas e empresas ao clube; direções que tomaram opções de gestão que se revelaram negativas financeiramente, e o distanciamento dos jovens ao clube.
Fazendo uma analogia com um ciclo económico, o Bombarralense, depois de passar por sérias dificuldades de gestão, de financiamento e de rumo, tem conseguido alavancar-se devido ao trabalho desenvolvido por esta direção, contando com o apoio de alguns voluntários que tudo têm feito para mudar o estado das coisas.
Contudo, o clube tem necessidades para além do trabalho que é desenvolvido pelas pessoas amigas do clube. Para um correto funcionamento e desenvolvimento do clube, são precisas pessoas para dirigir e ajudar o clube na realização das suas atividades, mas também atletas e financiamento. É por isso fundamental que os bombarralenses tenham noção da função social que o S.C.E.B. presta ao concelho, formando atletas mas, sobretudo, homens e mulheres, através do ensinamento do respeito pelas regras, do respeito pelos adversários e colegas, do companheirismo, do sacrifício, da luta e empenho por um objetivo comum, a amizade. No fundo, prepara os nossos jovens para viverem em sociedade.
Como se não bastasse a diminuição gradual do apoio financeiro ao Bombarralense, foram no nosso entendimento tomadas medidas políticas prejudiciais no que diz respeito ao futebol no município, nomeadamente a construção do estádio municipal no local onde se encontra, afastando os jovens da prática do futebol, ao contrário do que deveria acontecer. Como é sabido, muitos são os pais que, por falta de tempo ou de meios, não transportam os seus filhos para os treinos. Assim, cumpre ao clube fazê-lo. Acontece, porém, que o clube não tem tido capacidade logística nem financeira para transportar diariamente dezenas de jovens de diversos pontos do concelho para o estádio e depois do estádio para o concelho. Neste sentido, e na nossa opinião a autarquia poderia ter aqui um papel fundamental de apoio.
Por outro lado, as condições climatéricas que emanam no novo estádio municipal são constantemente adversas à boa prática desportiva.
Outra consequência desta decisão aconteceu ao nível do número de espetadores que passou a assistir aos jogos do clube. Quem não se lembra do antigo “San Siro”, onde os árbitros auxiliares tinham que entrar em campo para fugir aos chapéus-de-chuva dos adeptos presentes na linha lateral? Com bancadas cheias dos jogos de iniciados até aos séniores? Boas recordações essas, as do campo de jogos, no centro da vila, repleto de adeptos. Por vezes viam-se 3 gerações unidas em torno do clube, enfim, era a festa do futebol.
Depois de haver a transferência do palco dos jogos para o campo do Casal do Urmal, o clube passou por uma fase em que, tal como os portugueses, viveu acima das condições que lhe eram permitidas. Desde salários a prémios de jogo muito acima das possibilidades do clube, o Bombarralense rapidamente acordou do sonho em que estava a viver.
Fruto das dificuldades de tesouraria que atravessa a autarquia, o clube tem sofrido muito com a redução significativa da verba destinada a ajudar o clube na prossecução da sua missão social. Mas temos a responsabilidade de questionar: será o desporto uma despesa ou um investimento? Acredito que o corte de apoios em associações e coletividades como o Bombarralense têm um efeito negativo no desenvolvimento dos nossos jovens e na transmissão dos valores e cultura bombarralenses, que tão importantes são para que mais tarde estas pessoas tenham vontade de lutar pela sobrevivência destas associações e queiram viver no concelho. No limite, desvalorizar instituições como o Bombarralense é colocar em crise a identidade do concelho.
Nos últimos anos constato que alguns jovens bombarralenses em idade escolar com ambições desportivas preferem jogar nas Caldas da Rainha ou em Torres Vedras, atraídos pela projeção que os clubes destas cidades lhes podem oferecer. É por isto que reforço esta ideia, não só o SCEB perde atletas, como a escola perde alunos, como perde a economia do concelho clientes (pois os pais optam por aproveitar as deslocações para fazer compras nessas cidades), ou seja, o desporto tem um papel fundamental do desenvolvimento e consolidação social dos nossos concidadãos e deve ser uma prioridade incentivada e apoiada pelo poder politico.
O Bombarralense deve ter um papel preponderante na formação dos nossos jovens enquanto agentes sociais. Por isso, e uma vez que temos assistido a péssimos resultados na gestão de equipas sénior num passado não muito longínquo, desafio os futuros dirigentes, a que sem descurarem o objetivo de criarem equipas competitivas, não se deixarem levar pelo protagonismo que a construção de uma equipa sénior de estrelas lhes possa trazer, porque hoje observamos em primeira mão os custos que advirão para as gerações futuras.
Termino com um desejo, que é o de rentabilizar o estádio municipal e promover o desenvolvimento e progresso no nosso concelho (que tem uns acessos privilegiados), utilizando o tão falado Parque Temático que se encontrará no mesmo espaço
físico que o estádio municipal atual, dando a este uma utilidade e versatilidade diferente da que hoje existe e que ao mesmo tempo que possa existir a possibilidade de se fazer um campo municipal no centro da vila para que se volte a “casar” as pessoas com o clube, este com a Vila, e por fim, esta com a Juventude e assim encontrar uma solução para um crescimento económico e social sustentável do concelho.

Rodrigo Sebastião 
Juventude Social Democrata do Bombarral

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