No passado dia 10 de outubro, na
sede do Sport Clube Escolar Bombarralense, celebrou-se o centésimo quarto
aniversário daquele que é o clube mais antigo da Associação de Futebol de
Leiria.
Em mais de cem anos de história,
o S.C.E.B. atravessou momentos de prosperidade mas também momentos de enormes
dificuldades. Nos últimos anos, podemos apontar alguns fatores que estiveram na
origem e o conduziram à situação difícil em que vive atualmente. Desde logo, a
diminuição dos apoios financeiros da autarquia, a
degradação da realidade socioeconómica da nossa região – à semelhança do que
acontece pelo país fora –, que culmina na diminuição das doações das pessoas e
empresas ao clube; direções que tomaram opções de gestão que se revelaram
negativas financeiramente, e o distanciamento dos jovens ao clube.
Fazendo uma analogia com um ciclo
económico, o Bombarralense, depois de passar por sérias dificuldades de gestão,
de financiamento e de rumo, tem conseguido alavancar-se devido ao trabalho
desenvolvido por esta direção, contando com o apoio de alguns voluntários que
tudo têm feito para mudar o estado das coisas.
Contudo, o clube tem necessidades
para além do trabalho que é desenvolvido pelas pessoas amigas do clube. Para um
correto funcionamento e desenvolvimento do clube, são precisas pessoas para
dirigir e ajudar o clube na realização das suas atividades, mas também atletas
e financiamento. É por isso fundamental que os bombarralenses tenham noção da
função social que o S.C.E.B. presta ao concelho, formando atletas mas,
sobretudo, homens e mulheres, através do ensinamento do respeito pelas regras, do
respeito pelos adversários e colegas, do companheirismo, do sacrifício, da luta
e empenho por um objetivo comum, a amizade. No fundo, prepara os nossos jovens para
viverem em sociedade.
Como se não bastasse a diminuição
gradual do apoio financeiro ao Bombarralense, foram no nosso entendimento
tomadas medidas políticas prejudiciais no que diz respeito ao futebol no
município, nomeadamente a construção do estádio municipal no local onde se
encontra, afastando os jovens da prática do futebol, ao contrário do que
deveria acontecer. Como é sabido, muitos são os pais que, por falta de tempo ou
de meios, não transportam os seus filhos para os treinos. Assim, cumpre ao
clube fazê-lo. Acontece, porém, que o clube não tem tido capacidade logística
nem financeira para transportar diariamente dezenas de jovens de diversos
pontos do concelho para o estádio e depois do estádio para o concelho. Neste
sentido, e na nossa opinião a autarquia poderia ter aqui um papel fundamental
de apoio.
Por outro lado, as condições
climatéricas que emanam no novo estádio municipal são constantemente adversas à
boa prática desportiva.
Outra consequência desta decisão
aconteceu ao nível do número de espetadores que passou a assistir aos jogos do
clube. Quem não se lembra do antigo “San
Siro”, onde os árbitros auxiliares tinham que entrar em campo para fugir
aos chapéus-de-chuva dos adeptos presentes na linha lateral? Com bancadas
cheias dos jogos de iniciados até aos séniores? Boas recordações essas, as do
campo de jogos, no centro da vila, repleto de adeptos. Por vezes viam-se 3
gerações unidas em torno do clube, enfim, era a festa do futebol.
Depois de haver a transferência
do palco dos jogos para o campo do Casal do Urmal, o clube passou por uma fase
em que, tal como os portugueses, viveu acima das condições que lhe eram
permitidas. Desde salários a prémios de jogo muito acima das possibilidades do
clube, o Bombarralense rapidamente acordou do sonho em que estava a viver.
Fruto das dificuldades de
tesouraria que atravessa a autarquia, o clube tem sofrido muito com a redução
significativa da verba destinada a ajudar o clube na prossecução da sua missão
social. Mas temos a responsabilidade de questionar: será o desporto uma despesa
ou um investimento? Acredito que o corte de apoios em associações e
coletividades como o Bombarralense têm um efeito negativo no desenvolvimento
dos nossos jovens e na transmissão dos valores e cultura bombarralenses, que
tão importantes são para que mais tarde estas pessoas tenham vontade de lutar
pela sobrevivência destas associações e queiram viver no concelho. No limite,
desvalorizar instituições como o Bombarralense é colocar em crise a identidade
do concelho.
Nos últimos anos constato que
alguns jovens bombarralenses em idade escolar com ambições desportivas preferem
jogar nas Caldas da Rainha ou em Torres Vedras, atraídos pela projeção que os
clubes destas cidades lhes podem oferecer. É por isto que reforço esta ideia, não
só o SCEB perde atletas, como a escola perde alunos, como perde a economia do
concelho clientes (pois os pais optam por aproveitar as deslocações para fazer
compras nessas cidades), ou seja, o desporto tem um papel fundamental do
desenvolvimento e consolidação social dos nossos concidadãos e deve ser uma
prioridade incentivada e apoiada pelo poder politico.
O Bombarralense deve ter um papel
preponderante na formação dos nossos jovens enquanto agentes sociais. Por isso,
e uma vez que temos assistido a péssimos resultados na gestão de equipas sénior
num passado não muito longínquo, desafio os futuros dirigentes, a que sem descurarem
o objetivo de criarem equipas competitivas, não se deixarem levar pelo protagonismo
que a construção de uma equipa sénior de estrelas lhes possa trazer, porque
hoje observamos em primeira mão os custos que advirão para as gerações futuras.
Termino com um desejo, que é o de
rentabilizar o estádio municipal e promover o desenvolvimento e progresso no
nosso concelho (que tem uns acessos privilegiados), utilizando o tão falado
Parque Temático que se encontrará no mesmo espaço
físico que o estádio
municipal atual, dando a este uma utilidade e versatilidade diferente da que
hoje existe e que ao mesmo tempo que possa existir a possibilidade de se fazer
um campo municipal no centro da vila para que se volte a “casar” as pessoas com
o clube, este com a Vila, e por fim, esta com a Juventude e assim encontrar uma
solução para um crescimento económico e social sustentável do concelho.
Juventude Social Democrata do
Bombarral