Carta Aberta a Mário Soares
Ex.mo Presidente da República emérito e Pai
da democracia ad eternum, Mário Soares,
Uma vez que é apologista da comunicação por
carta aberta, enviamos a V. Ex. esta correspondência.
Um dos princípios pelos quais a JSD se vem
batendo tem sido a solidariedade intergeracional. Ficamos contentes quando
constatamos que, ao invés de infelizes empresas que discriminam contra a
empregabilidade sénior, a comunicação social portuguesa mantém os seus palcos de
escrita inalterados há décadas.
Como juventude partidária no terreno contactamos
diariamente com a realidade da juventude e do seu crescente desagrado com o
aparelho político. Dizem: "são todos iguais" e apontam para o estado económico
como prova de um desgoverno colectivo passado. Aos falsos profetas que apelam a
cenários alternativos catastróficos mas recusam aceitar a sua quota de
responsabilidade, gostaríamos de relembrar as palavras do passado, nomeadamente
do V. Programa do IX Governo Constitucional liderado por V.Exa.: "A crise é
de tal modo grave que o combate a travar é de todos. (...) A crise
traduz-se nisto: vivermos acima das nossas possibilidades, consumindo muito mais
que produzimos. (...) É talvez tentador recusar cooperação a um governo
que se não apoie. Mas não é disso que se trata. Se é lícito discordar e até
democraticamente combater um Governo a que somos adversos, não é licita a recusa
em apoiar um combate que está para lá das ideologias e dos partidos, porque se
insere na defesa da democracia, da liberdade e da justiça social, que são
património comum de todos os verdadeiros patriotas. Trata-se, em suma, de
defender o País e o regime".
E como consideramos que demagogia se combate com
demagogia deixamos-lhe um conselho e um desafio: citando o seu amigo Rei de
Espanha no pedido ao seu bom aluno Hugo Chavez, perguntamos mas agora em
português "Porque não te calas?"; e deixamos-lhe o desafio de começar por dar o
exemplo e abdicar de todos os apoios públicos e isenções fiscais à sua fundação,
escusamo-nos de o fazer em relação à sua reforma e às restantes mordomias a que
tem legítimo direito como ex Presidente da República.
Acreditamos que alguém tão experiente,
daria uma melhor contributo ao país fazendo propostas concretas para cortar na
despesa do Estado.
Ajude-nos a demonstrar que nem todos os
políticos se regem pela demagogia barata. A democracia portuguesa assim o
exige.
Atenciosamente,
A Juventude Social Democrata